Na década de 70, todos os domingos, às 20h, uma voz em off anunciava: “Entra no ar via Embratel para todo o Brasil, pela Rede Tupi de Televisão, o Programa Flávio Cavalcanti”. A chamada marcava o início de um dos programas mais polêmicos da televisão brasileira e líder de audiência, comandado pelo jornalista e apresentador Flávio Cavalcanti. Aliás, o primeiro a ser exibido para todo o país, utilizando o canal da Embratel.
Flávio tinha um jeito de fazer um jornalismo meio agressivo, mas muito interessante. Ele atingia mais o público das classes A e B, enquanto Chacrinha, com sua “Buzina do Chacrinha”, era a diversão do público das classes C e D, mas no fundo todo mundo acabava assistindo aos dois programas.
Na televisão, Flávio começou na TV Tupi, Canal 6, na Urca, no Rio de Janeiro.
Na década de 60, o maior sucesso da TV carioca era sem dúvida o programa “Noite de Gala”, na TV Rio, Canal 13. Flávio já mostrara na telinha, um lado polêmico através do seu primeiro programa, “Um Instante, Maestro!”, que estreara três anos antes na TV Tupi (1957). Onde fico popular ao quebrar discos de cantores após fazer críticas severas.
A convite de Abraão Medina, foi para o “Noite de Gala”, da TV Rio, explorando o seu lado ousado, instigante, que deixava sempre um clima de suspense para a semana seguinte. Conforme consta do livro “Um Instante, Maestro!”, de Léa Penteado (Ed. Record).
Numa viagem a Nova York com sua produção, arriscou o impossível: falar com o presidente John Kennedy. Acabou convencendo os agentes do FBI. "Imagino o que faria se falasse inglês", disse JFK, ao final da entrevista.
Também chegou a entrevistar o famoso deputado Tenório Cavalcanti. A cada semana se superava com um assunto mais ousado, instigante, que deixava sempre um clima de suspense para a semana seguinte.
Em 1966, voltou para TV Tupi, onde lançou dois programas sob seu comando: “A Grande Chance” e “Sua Majestade é a Lei”.
Sua chamada para os intervalos comerciais se tornou um marco da televisão brasileira e de toda uma época. Ele tirava os óculos e dizia, super sério: “Os nossos comerciais, por favor!”.
Sua chamada para os intervalos comerciais se tornou um marco da televisão brasileira e de toda uma época. Ele tirava os óculos e dizia, super sério: “Os nossos comerciais, por favor!”.
Em 1970, estreou um programa com seu próprio nome: "Programa Flávio Cavalcanti", na TV Tupi, carioca. Ousado e polêmico, sabia como poucos comandar um auditório. A audiência o transformou no “rei dos domingos”, só perdendo, algumas vezes, para a “Buzina do Chacrinha”, da TV Globo.
Porém, em 1972, depois de ter tido alguns problemas com a Justiça, o “Programa Flávio Cavalcanti” passou a ser gravado.
Foi nesse ano que ele teve que entregar ao então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, um vídeo do programa, pois ele queria examinar alguns quadros, principalmente um em que uma mulher se queixava de estar sendo espancada por sua própria filha.
Em 1973, foi suspenso por 60 dias, porque entrevistou o homem que emprestou a mulher ao vizinho. E também foi suspenso pela ditadura militar, porque, alegavam - mas ele estava mesmo - protegendo a alegre e extrovertida atriz Leila Diniz, que apenas tinha concedido uma entrevista considerada “escandalosa”, para os padrões morais da época, no jornal “O Pasquim”. Mesmo assim, foi acusado de traidor, entregador de colegas e outras coisas mais.
Mas Flávio Cavalcanti continuava sendo líder de audiência, pois era muito querido e respeitado pelos telespectadores. Famosos artistas passaram pelo seu júri: o jornalista Sérgio Bittencourt, Nelson Motta, Leila Diniz, Mister Eco, José Messias, Maestro Cipó, Oswaldo Sargentelli, Marisa Urban, Erlon Chaves, Márcia de Windsor e Carlos Renato, Elis Regina, entre outros.
Com o início da crise da Tupi, em 1976, ele reeditou o programa “Um Instante, Maestro!”, na TVS (depois SBT), canal 11, do Rio.
Meses depois, foi tentar salvar a TV Rio, canal 13, que estava tentando se reerguer, sob o comando de Walter Clark, nas instalações do Panorama Palace Hotel, em Ipanema, onde seria a nova sede da mais cariocas das emissoras do Rio. Porém, já era tarde, a TV Rio duraria mais alguns meses antes de ser extinta.
Em meados da década de 70, o apresentador voltou para a TV Tupi, mas deixava o tradicional horário dos domingos, agora ocupado por Chacrinha, e passava para os sábados. Flávio tinha consciência da queda de audiência sofrida com a mudança para a TV Rio e da forte concorrência da TV Globo.
No entanto, em 1982, ele foi para a TV Bandeirantes, de São Paulo, onde comandou um programa diário: “Boa Noite, Brasil!”.
Em 1983, Sílvio Santos, então, não perdeu a oportunidade e o contratou. O “Programa Flávio Cavalcanti” passou a ser apresentado no SBT, em São Paulo, no mesmo formado do que havia sito exibido na Rede Tupi. Porém, Flávio nunca gostou de viver e comandar um programa em São Paulo.
No dia 22 de maio de 1986, fez uma rápida entrevista e jogou o dedo indicador para o alto: "Nossos comerciais, por favor!" O intervalo acabou e ele não estava mais lá. Tinha sofrido uma isquemia do miocárdio aguda durante a apresentação do programa. Levado para o hospital morreria quatro dias depois, com o projeto de abandonar a telinha e abrir um hotel numa praia qualquer.
Ele foi sepultado em Petrópolis, município serrano do Rio de Janeiro onde viveu grande parte de sua vida.
Fonte Texto: http://oglobo.globo.com
Pesquisa, Imagens e Montagem JF Hyppólito
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